O plano de Deus para a igreja é uma comunidade

Qual é o plano de Deus para a igreja local? O apóstolo Paulo o define em Efésios 2 e 3. Começa com o evangelho, em Efésios 2.1-10. Estávamos “mortos nos... delitos e pecados” (v. 1). Mas Deus “nos deu vida juntamente com Cristo” (v. 5). “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (vv. 8-9).

Mas o evangelho não termina com a salvação; leva a algumas implicações perturbadoras. Implicação número um: unidade. Como Paulo escreveu sobre os judeus e os gentios, no final do Capítulo 2, Deus destruiu a parede de separação de hostilidade, “para que, dos dois, criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito” (vv. 1518). Observe que o evangelho sozinho cria essa unidade: a cruz é o modo pelo qual Cristo aniquilou a hostilidade entre judeus e gentios. Afinal de contas, o que mais poderia unir dois povos que tinham história, aspectos étnicos, religião e cultura tão diferentes?

Ora, qual é o propósito para essa unidade entre judeus e gentios? Vá a Efésios 3.10. A intenção de Deus era “que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares celestiais”.

Considere um grupo de judeus e gentios que não compartilham nada em comum, exceto uma aversão bem antiga uns pelos outros.  [...] Junte-os na igreja local, onde eles tocam os ombros com certa regularidade e as coisas explodem, certo? Não! Por causa de 

uma coisa que eles têm em comum – o vínculo de Cristo –, eles vivem juntos, em amor e unidade admiráveis. Unidade que é tão inesperada, tão contrária ao modo como nosso mundo age, que até “os principados e as potestades nos lugares celestiais” sentam e observam. Os planos de Deus são admiráveis, não são?

A comunidade que revela o evangelho é notável em duas dimensões. Primeira, é notável por sua largura. Ou seja, estende-se para incluir pessoas tão divergentes quanto judeus e gentios. Como Jesus ensinou no Sermão do Monte: “Se amardes os que vos amam, que recompensa tendes?” (Mt 5.46). Uma maneira pela qual essa comunidade glorifica a Deus é por alcançar pessoas que, sem o poder sobrenatural, nunca se uniriam. Lembre Efésios 2.18: “Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito”. Segunda, essa comunidade é notável por sua profundidade. Ela não apenas une pessoas para tolerarem umas às outras, mas também para serem tão estritamente comprometidas que Paulo as chama “novo homem” e “nova família” (Ef 2.19). Paulo recorre aos laços mais profundos do mundo natural – os laços de etnia e de família – para descrever essa nova comunidade na igreja local.

Largura e profundidade sobrenaturais de comunidade tornam visível a glória de um Deus invisível. Essa é a suprema afirmação de propósito para comunidade na igreja de Éfeso. Essa é a suprema afirmação de propósito para comunidade nas igrejas contemporâneas. É também a suprema afirmação de propósito para comunidade em sua igreja?

Mark Dever

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