Orando no Espírito Santo

Na única epístola que temos em mãos escrita por Judas, irmão de Jesus, achamos uma advertência fervorosa contra os falsos ensinadores, que estavam invadindo e iludindo a igreja. Judas escreveu de modo sarcástico a respeito deles. Após descrevê-los e rejeitá-los, ele contrasta, no versículo 20, o verdadeiro cristão e os verdadeiros líderes da igreja com os homens não-espirituais. “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo.”

A grande preocupação de Judas, expressa nesta carta, era que a igreja (ou as igrejas) fosse protegida da falsa doutrina e edificada na verdade. No final da epístola, no versículo 20, lemos: “Orando no Espírito Santo”. No Novo Testamento, há várias passagens em que os crentes são exortados a orar desta maneira. (Ver Efésios 6.18; Tiago 5.16 e Romanos 8.26-27.) Por que isso? Deve haver uma razão para que esse tipo de oração seja tão freqüentemente mencionado nas páginas do Novo Testamento. Isso deve nos sugerir algo sobre a importância da oração.

Esta oração no Espírito Santo não é um tipo especial de oração em línguas, ou êxtase particular, que alguns crentes fazem ou não fazem. Pelo contrário, é o tipo especial de oração que os verdadeiros crentes fazem e que os falsos ensinadores não fazem. Isto significa orar de acordo com a vontade do Espírito Santo e à luz do seu poder. É orar em harmonia com o desejo expresso de Deus e com a verdade do evangelho.

Esta maneira de orar contrasta-se com os falsos ensinadores, que, de acordo com o versículo 19, não têm o Espírito.

A batalha contra o ensino falso, contra as divisões e contra os pecados que aqueles crentes enfrentaram não podia ser vencida na força deles mesmos. Não podiam simplesmente edificar a igreja com base em argumentos. Deus mesmo tinha de estar envolvido na edificação da igreja; portanto, aqueles crentes precisavam invocar a ajuda e orientação de Deus, sua presença e poder com eles. O cristianismo não é uma invenção da mente; não é convencer a si mesmo por meio de argumentos ou de emoções. Pelo contrário, o cristianismo é uma questão de viver genuína e realmente em Deus. Nós, os crentes, não olhamos para o mundo usando óculos cor de rosa, ignorando a realidade, imaginando que existe um ser supremo. Não! Vivemos da maneira como vivemos porque estamos em comunhão com Deus, porque O conhecemos e vivemos com Ele.

A oração nos focaliza em nossa dependência de Deus. Certa vez, o cachorrinho de Martinho Lutero veio à mesa e esperava ansiosamente receber uma porção de comida da parte de seu dono. Ao ver seu cãozinho implorando, com a boca aberta e os olhos imóveis, Lutero disse: “Oh! Se eu pudesse orar da mesma maneira como este cachorro espera pela comida! Todos os seus pensamentos estão concentrados no pedaço de carne. Ele não tem qualquer outro pensamento, desejo ou esperança” (Luther’s Tabletalk, 18 de maio de 1532).

Mark Dever
Diretor do Ministério 9 Marcas, nos Estados Unidos, e pastor da Igreja Batista de Capitol Hill, em Washington D.C. Graduado na Universidade de Duke, obteve mestrado em Divindade no Gordon Conwell Theological Seminary e Ph.D. em História Eclesiástica na Universidade de Cambridge.
Veja o artigo completo “A Oração na Vida e no Ministério do Pastor” em ministeriofiel.com.br
.