OS FRUTOS DO ARREPENDIMENTO – 2ª PARTE

(continuação da semana passada)

5. Arrependimento acompanhado de restituição quando isso é necessário e possível. Nenhum arrependimento pode ser verdadeiro se não está acompanhado de completa reparação da vida. A súplica de uma alma arrependida é: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51.10). E, quando uma pessoa deseja realmente acertar as coisas com Deus, ela faz isso também com seus semelhantes. Alguém que, em sua vida passada, errou contra outra pessoa e agora não faz nenhum esforço, conforme todas as suas possibilidades, para corrigir o erro, certamente não se arrependeu! John G. Paton contou certa vez que a primeira coisa que um escravo fez, depois de converter-se, foi devolver ao senhor tudo que roubara dele.

6. Estes frutos são permanentes. Visto que o arrependimento é precedido por uma compreensão da amabilidade e da excelência do caráter de Deus e uma apreensão da excessiva malignidade do pecado, por haver tratado com tanto desprezo um Ser tremendamente glorioso, a contrição e um ódio pelo mal são imprescindíveis. À medida que crescemos na graça e no conhecimento do Senhor, de nossa dívida e obrigações para com Ele, nosso arrependimento se aprofunda, julgamos a nós mesmos mais amplamente e assumimos um lugar cada vez mais humilde diante dEle. Quanto mais o coração anela por um andar mais íntimo com Deus, tanto mais ele lançará fora tudo que impede isso.

7. O arrependimento nunca é perfeito nesta vida. Nossa fé jamais é tão completa, que chegamos ao ponto em que o coração não é mais embaraçado com dúvidas. E nosso arrependimento nunca possui tal pureza que se torna completamente isento de dureza de coração. O arrependimento é um ato que dura toda a vida. Precisamos orar cada dia por um profundo arrependimento.

Em vista de tudo que dissemos, cremos que deixamos bem claro a todo leitor imparcial o fato de que os pregadores que repudiam o arrependimento são, para as infelizes almas perdidas, “médicos sem valor”. Aqueles que ignoram o arrependimento estão pregando “outro evangelho” (Gl 1.6), e não o evangelho que Cristo (Mc 1.15; 6.12) e os apóstolos pregavam (At 17.30; 20.21). O arrependimento é um dever apresentado no evangelho. Aqueles que nunca se arrependeram ainda estão presos nos laços do Diabo (2 Tm 2.25-26) e acumulam contra si mesmos ira para o dia da ira de Deus (Rm 2.4-5).

“Se, portanto, os pecadores querem fazer melhor uso dos meios da graça, devem tentar harmonizar-se com o propósito de Deus e as influências do Espírito Santo, empenhando-se por perceberem seu estado pecaminoso, culpado e condenatório. Para isso eles devem abandonar as companhias vãs, descartar seus interesses mundanos e ordinários, deixar tudo que tende a mantê-los seguros no pecado e abafar as ações do Espírito. Para isso eles devem ler, meditar e orar, comparando-se a si mesmos com a santa Lei de Deus, tentando ver a si mesmos como Deus os vê e atribuindo a si mesmos o juízo que Deus lhes atribui. Assim, poderão dispor-se a aprovar a Lei, admirar a graça do evangelho, julgar a si mesmos, aplicar humildemente a todas as coisas a graça gratuita de Deus e retornar a Deus por meio de Cristo” (citado de Joseph Bellamy, 1719-1790).

Um resumo do que falamos pode ser proveitoso para alguns: 1. O arrependimento é um dever evangélico, e nenhum pregador tem o direito de considerar-se servo de Cristo se não fala sobre este assunto (Lc 24.47). 2. O arrependimento é exigido por Deus nesta dispensação (At 17.30), assim como nas anteriores. 3. O arrependimento não é, de algum modo, meritório; todavia, sem ele, o evangelho  não  pode  ser  crido  de  maneira

salvífica (Mt 21.32; Mc 1.15). 4. O arrependimento é uma compreensão, outorgada pelo Espírito, da excessiva malignidade do pecado e um posicionar-me contra mim mesmo ao lado de Deus. 5. O arrependimento pressupõe uma aprovação sincera da Lei de Deus e uma plena aquiescência às suas exigências justas, que são sintetizadas em “amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração...” 6. O arrependimento é acompanhado por um ódio genuíno e uma tristeza pelo pecado. 7. O arrependimento é evidenciado por um abandono do pecado. 8. O arrependimento é conhecido por sua permanência: tem de haver um contínuo afastar-se do pecado e um entristecer-se por todas as quedas no pecado. 9. O arrependimento, embora permanente, nunca é perfeito ou completo nesta vida. 10. O arrependimento deve ser buscado como um dom de Cristo (At 5.31).

A. W. Pink

Extraído de

 Arrependimento: o Que Dizem as Escrituras?, reimpresso por Chapel Library.

Traduzido por: Wellington Ferreira

Copiado de ministeriofiel.com.br

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